13 de dezembro de 2006

CLUBE DA AEISCTE

AEISCTE mata o movimento estudantil

O Clube AEISCTE

O teatro montado no dia 6/dez pela AEISCTE, a que deram o nome de Reunião Geral de Alunos (RGA), salvaguardando no entanto, que pouca gente se lembre de lá pôr os pés (a RGA foi convocada para as 18h00, com poucas folhas A4), resultou no decreto da morte do movimento estudantil no ISCTE.

Finalmente existe uma forma de se acabar com a participação dos estudantes na vida associativa, tão simplesmente como criar um Clube de Sócios em lugar duma Associação de Estudantes para estudantes. Assim é tudo muito mais simples!

Um pequeno grupo de amigos dirige o Clube, decide quem entra e quem sai, provavelmente, assistiremos a fotografias expostas na vitrine da AE daqueles que almejam ingressar neste clube de privilegiados, cabendo então ao núcleo dirigente decidir até que ponto preenchem os requisitos.

O Clube é animadíssimo! Há imensas festas, convívios, faz-se imenso desporto, e são só pessoas interessantes que o frequentam. Do bar à Danka, passando pelo salão de jogos, existe um sem fim de coisas para se fazer. No clube não há tristezas, nem chatices, até porque são
tod@s amig@s uns dos outros, afinal, escolheram-se!

É pena é o nome do clube, Associação de Estudantes!
Associação de Estudantes? Mas isso é uma estrutura que, nos diferentes estabelecimentos de ensino, representa
TOD@S @S ESTUDANTES, sem discriminação, seja por origem, raça, etnia, sexo, orientação sexual, cor, idade, estado civil, condição económica, filosofia ou convicção política, religião, deficiência física, imunológica, sensorial ou mental, cumprimento de pena, ou por qualquer outra particularidade ou condição.
Mas neste Clube não há discirminação!!!Só face a quem não paga quota!
Afinal, apenas a maioria dos estudantes do ISCTE (4 mil em 6 mil)!

O Clube decidiu então, por unanimidade, que no ISCTE:
Assembleias Gerais de Alunos (AGA's) ou Reuniões Gerais de Alunos (RGA's), direito à intervenção académica, associativismo democrático, política educativa, participação no movimento estudantil, e todo o tipo, não de representação, mas de intervenção directa no curso do Ensino Superior, cabe agora apenas aos sócios desse clube, àqueles que pagam a quota, e que se deslocam até lá para "fazer parte".
Mas não se preocupem!
Temos a palavra dos dirigentes do Clube, que sempre que representarem o mesmo, cabe nos seus corações um lugar para cada estudante, até mesmo para aqueles que não pagam quotas. . . isto chama-se solidariedade. . .

«Eu não gosto de festas, nem de desporto, não sou amig@, nem interessante, não faço nem quero "fazer parte", e, sobretudo, não pago quota!»
Sendo assim, NÃO TENS VOZ NO ISCTE! Esquece democracia, esquece participação, direitos, e tudo o que lhe vem associado, quem manda, decide, vota e é votado são só os eleitos, os escolhidos!

O que se passou ontem naquela RGA, fica muito aquém do inaceitável, entre "sinistro" e "mafioso", fica muito por dizer se quisermos definir a actuação da AEISCTE.

Vamos agir, temos de agir!
Não vão ser mecanismos burocráticos e formalismos anti-democráticos, revestidos dum legalismo repugnante, que vão matar o associativismo e a vontade de agitar ás aguas e mudar as coisas!

Beijinhos e abraços
margarida santos


GOLPE ESTATUTÁRIO DA AE

AEISCTE mata o movimento estudantil
O Golpe Estatutário

Dia 6/dez, para desespero meu, participei na minha 1ª R.G.A (Reunião Geral de Alunos) no ISCTE.
Nunca tinha visto nada assim. Que a democracia é relativa, já sabia. Que a democracia tem que ser conquistada também. Que os dirigentes das associações de estudantes operam por interesses pessoais e partidários também.
MAS NUNCA TINHA VISTO NADA ASSIM.
A dita reunião marcada pela associação de estudantes tinha um único ponto na ordem trabalhos: proposta de alteração aos estatutos da associação de estudantes (foi aprovada). Um calhamaço que dificilmente alguém iria ler, não houvesse estudantes que não sendo da associação se tivessem dado ao trabalho e eu hoje talvez não soubesse do dito golpe.
O sumo da proposta consistia em três questões principais:

1 - Para eleger e ser eleito para a associação de estudantes tornou-se obrigatório ser sócio/a da associação e com a quota paga.
2 – A R.G.A deixa de ter poder deliberativo e passa a tê-lo a R.G.S (Reunião Geral de Sócios). Para poder participar nas R.G.S.'s é obrigatório ser sócio/a da associação e com quota paga.
3 – A associação reserva-se ao direito de admissão, ou seja, só pode ser sócio/a quem a associação entende que deixa ser sócio.

A reunião tinha aproximadamente cerca de 40 pessoas, sendo que cerca de 30 seriam da associação. Não podia ter mais, aliás para a associação até eram demais. A forma como a formalidade democrática foi exercida, era de tal forma precária que nem vestígios de democrática tinha. Em primeiro lugar, quase nenhum/a aluno/a do Iscte sabia da dita R.G.A. A associação que faz grandes cartazes coloridos em gráfica para anunciar as suas festas milionárias, para esta R.G.A. fez uns cartazes simples, a preto e branco, pequeninos A4, pouquinhos, colocados em pouquinhos sítios, não nos painéis para o efeito mas em sítios menos visíveis, e poucos dias antes, não fossem as pessoas reparar que existiam.
Antes ainda que começasse a R.G.A aguardavam a maioria dos membros da A.E . no bar da A.E. que passasse a meio hora que é necessário esperar para realizar uma R.G.A quando não há quórum. Eles já sabiam que não iria começar a horas, porque à partida ninguém ou quase ninguém iria.
Mas o desplante foi mais longe, não avisaram nos cartazes aquilo a que realmente se propunham e não avisaram nos cartazes que iam levar um advogado pago por eles para fazer o trabalho sinistro a que eles sozinhos não eram capazes.
Depois de cumpridos os formalismos necessários podíamos começar a dita reunião e para os/as alunos da noite já se tinha ido grande parte da 1ª aula a que estavam a faltar para ali estarem presentes. Esperava eu a apresentação daquelas propostas por parte da associação de estudantes quando fui surpreendido por elas terem sido apresentadas exclusivamente pelo advogado (já agora que não é aluno nem pertence escola).
A gestão dos tempos de intervenção correu em conformidade com o resto do processo. O advogado falou sobre tudo e mais alguma coisa arrastando o tempo se calhar à espera que aqueles dez que ali estavam e não deviam estar, desistissem. Houve um aluno que fez um ponto de ordem à mesa e pediu ao advogado que fosse objectivo. Estávamos a faltar às aulas e o importante ali era concentrarmo-nos nos estatutos propostos. Sabia que ele como advogado estava a receber da A.E. para ali estar, mas nós como alunos estávamos a pagar aulas que estávamos a faltar. A mesa da R.G.A respondeu ao aluno que fez o ponto de ordem dizendo que não se pode faltar ao respeito.
Quando finalmente se abriram as inscrições, o primeiro aluno fez uma intervenção até ligth mas a criticar a proposta e a hora da R.G.A. O rapazinho da mesa que já tinha tido aquela brilhante saída diz: "eu estou a estagiar durante o dia e por isso esta é a única hora a que eu posso". Depois disto em vez de passar a vez aos restantes inscritos faz ele uma resposta de x tempo e ainda passa a palavra ao advogado para ele responder.
Penso que o descrito até aqui demonstra suficientemente a pouca vergonha que ali se passou e continuou a passar até ao fim. Eu estava um tanto perdido e não percebia bem o porquê de estar ali naquelas circunstâncias se aquilo ia ser aprovado de qualquer maneira e as nossas propostas não iam servir de nada. Mesmo assim antes de ir à minha próxima aula que não podia mesmo faltar, ainda consegui fazer uma intervenção (ainda bem que fui dos primeiros a inscrever-me). Na minha intervenção fiz duas propostas: 1ª que se retirasse a palavra democrática dos estatutos propostos porque aquele processo e aquela associação não tinham nada de democrático. 2ª que se acrescentasse as palavras sinistro e mafioso que só elas descrevem bem aquele teatro pseudo–formalista-democrático, onde a associação não propõe mas trás o advogado que propõe por eles, que eles depois apoiam e votam a favor.
A partir de agora temos uma A.E. que representa os/as alunos do ISCTE, mas que só responde perante os/as sócios/as que eles/as aceitem para pertencer ao clube.

Uma Bergonha
pedro pombeiro

6 de dezembro de 2006

RGA

Panfleto distribuído hoje no ISCTE


Sabes que, hoje à tarde…

Hoje, 18h, , Reunião Geral de Alunos

Os Estatutos da AEISCTE vão hoje ser discutidos e aprovados em RGA. É uma total reestruturação dos anteriores estatutos, PREJUDICANDO MUITO os estudantes desta escola.

Em nenhuma outra AE se obriga ao pagamento de quotas para se ser membro efectivo da AE, este é um estatuto inerente à própria matrícula no estabelecimento de ensino, sendo o pagamento de quotas um acto voluntário.

Qualquer membro duma AE pode e tem espaço para intervir na política educativa da sua escola. A LIBERDADE DE PARTICIPAÇÃO ACADÉMICA NÃO PODE ESTAR AO SABOR DUMA QUOTA PAGA, esta é um direito de qualquer estudante do ensino superior.

Os formalismos regulamentam, mas não podem privar os estudantes da sua intervenção académica.

… podes ficar sem Associação?


Esta proposta é inaceitável

O GAE reivindica:
a manutenção da distinção entre sócio ordinário - paga quotas e tem direito aos descontos - e sócio por inerência – todo o estudante inscrito no ISCTE, que poderá eleger e ser eleito para os órgãos da AE, intervir e votar nas reuniões gerais de alunos (RGA), participando das actividades associativas.

O GAE reivindica:
que o órgão deliberativo máximo da AE seja a Assembleia Geral de Alunos (ou RGA), a convocar pela Mesa da AGA, ou caso seja extraordinária, pela própria Direcção, Conselho Fiscal ou por um mínimo de 5% dos seus membros (estudantes inscritos no ISCTE). É assim que se passa nas outras AE’s,

Porque a AEISCTE representa-nos a tod@s, porque a Associação é DOS ESTUDANTES, NÃO FALTES A ESTA R.G.A.

GAE – Grupo D’Acção Estudantil
gae_iscte@yahoo.com

17 de novembro de 2006

DEBATE DA DESPENALIZAÇÃO DA IVG

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?


O GAE organizou no dia 25 de Outubro o seu primeiro debate.
O tema escolhido foi a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, tema que consideramos pertinente devido à actual situação política nacional.
Com este debate pretendemos mostrar os dois pontos de vista em confronto – foram convidados para oradores Almerinda Bento, da UMAR (União Mulheres Alternativa e Resposta), que defendeu o Sim, e Paulo Núncio, ainda na qualidade de membro da comissão política nacional do Partido Popular, representante da associação Missão Vida, pelo Não. O debate foi moderado pelo professor João Oliveira, docente do ISCTE.



A mesa do debate, da esq. para a dir.: Paulo Núncio (pelo Não), João Oliveira (moderador) e Almerinda Bento (pelo Sim)

Por sorteio, calhou a quem defendia o não abrir o debate. Paulo Núncio procurou explicar as diferentes etapas da gestação. Seguindo raciocínios bastante demagogos, contou a história do embrião, desde o momento da concepção, confundindo por diversas vezes os termos embrião e criança (de acordo com o código jurídico, criança é todo o nado-vivo desde o momento do nascimento até aos 18 anos). Porém, não seria de esperar outro tipo de discurso de movimentos que, à falta de melhores argumentos, procuram desviar-se do tema central do referendo, ou seja, a escolha que está em causa; citando a pergunta. “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (…)”.
Por outro lado, sem apelar excessivamente ao lado emocional das pessoas, Almerinda Bento explicitou que o que está em causa no referendo não é se cada um dos eleitores é a favor ou contra o aborto, mas sim a escolha. Procurou ressalvar algo muito importante: a actual lei julga, criminaliza e, consequentemente estigmatiza e humilha quem, de acordo com a sua própria consciência, aborta clandestinamente e sem condições. Considera, portanto, essencial a sua alteração.
Em seguida, o debate passou para o público. De entre as várias intervenções, apenas uma não foi favorável à alteração da actual lei; em todas elas foram colocadas diversas perguntas aos oradores. Gostaríamos referir uma das respostas de Paulo Núncio: quando questionado sobre a pergunta de facto em referendo, diz considerar que esta está mal redigida, pois nada tem contra as interrupções voluntárias da gravidez; “se a interrupção voluntária da gravidez for para salvar o feto eu não tenho problema nenhum, eu não sou contra as cesarianas, que são interrupções voluntárias da gravidez”. Quando confrontado com a seriedade do seu argumento, pergunta, citando de novo textualmente: “então se não houvesse cesarianas o feto não se continuava a desenvolver?”. Pensamos que esta frase resume bem a falta de argumentação séria e leal de quem defende o Não.
Paulo Núncio num momento de reflexão
Por fim, gostaríamos de deixar um balanço positivo do debate, uma vez que foi presenciado por cerca de 70 pessoas, tendo sido bastante participado; porém, devido a diversos aspectos de ordem técnica, o tempo não deu para mais. Esperamos que numa próxima ocasião haja mais oportunidades de dar a palavra aos que, por diversos motivos não a puderam ter.

A animada plateia do debate

O referendo está a chegar. E, porque nunca é demais repetir, vai-te recensear! Seja qual for a tua decisão, lembra-te que é importante a participação de tod@s. Acima de tudo, vota de acordo com a tua consciência. Porque o Não exclui o Sim, mas o Sim engloba o Não. Pensa nisto.
No dia do referendo não te esqueças, VAI VOTAR!