13 de dezembro de 2006

GOLPE ESTATUTÁRIO DA AE

AEISCTE mata o movimento estudantil
O Golpe Estatutário

Dia 6/dez, para desespero meu, participei na minha 1ª R.G.A (Reunião Geral de Alunos) no ISCTE.
Nunca tinha visto nada assim. Que a democracia é relativa, já sabia. Que a democracia tem que ser conquistada também. Que os dirigentes das associações de estudantes operam por interesses pessoais e partidários também.
MAS NUNCA TINHA VISTO NADA ASSIM.
A dita reunião marcada pela associação de estudantes tinha um único ponto na ordem trabalhos: proposta de alteração aos estatutos da associação de estudantes (foi aprovada). Um calhamaço que dificilmente alguém iria ler, não houvesse estudantes que não sendo da associação se tivessem dado ao trabalho e eu hoje talvez não soubesse do dito golpe.
O sumo da proposta consistia em três questões principais:

1 - Para eleger e ser eleito para a associação de estudantes tornou-se obrigatório ser sócio/a da associação e com a quota paga.
2 – A R.G.A deixa de ter poder deliberativo e passa a tê-lo a R.G.S (Reunião Geral de Sócios). Para poder participar nas R.G.S.'s é obrigatório ser sócio/a da associação e com quota paga.
3 – A associação reserva-se ao direito de admissão, ou seja, só pode ser sócio/a quem a associação entende que deixa ser sócio.

A reunião tinha aproximadamente cerca de 40 pessoas, sendo que cerca de 30 seriam da associação. Não podia ter mais, aliás para a associação até eram demais. A forma como a formalidade democrática foi exercida, era de tal forma precária que nem vestígios de democrática tinha. Em primeiro lugar, quase nenhum/a aluno/a do Iscte sabia da dita R.G.A. A associação que faz grandes cartazes coloridos em gráfica para anunciar as suas festas milionárias, para esta R.G.A. fez uns cartazes simples, a preto e branco, pequeninos A4, pouquinhos, colocados em pouquinhos sítios, não nos painéis para o efeito mas em sítios menos visíveis, e poucos dias antes, não fossem as pessoas reparar que existiam.
Antes ainda que começasse a R.G.A aguardavam a maioria dos membros da A.E . no bar da A.E. que passasse a meio hora que é necessário esperar para realizar uma R.G.A quando não há quórum. Eles já sabiam que não iria começar a horas, porque à partida ninguém ou quase ninguém iria.
Mas o desplante foi mais longe, não avisaram nos cartazes aquilo a que realmente se propunham e não avisaram nos cartazes que iam levar um advogado pago por eles para fazer o trabalho sinistro a que eles sozinhos não eram capazes.
Depois de cumpridos os formalismos necessários podíamos começar a dita reunião e para os/as alunos da noite já se tinha ido grande parte da 1ª aula a que estavam a faltar para ali estarem presentes. Esperava eu a apresentação daquelas propostas por parte da associação de estudantes quando fui surpreendido por elas terem sido apresentadas exclusivamente pelo advogado (já agora que não é aluno nem pertence escola).
A gestão dos tempos de intervenção correu em conformidade com o resto do processo. O advogado falou sobre tudo e mais alguma coisa arrastando o tempo se calhar à espera que aqueles dez que ali estavam e não deviam estar, desistissem. Houve um aluno que fez um ponto de ordem à mesa e pediu ao advogado que fosse objectivo. Estávamos a faltar às aulas e o importante ali era concentrarmo-nos nos estatutos propostos. Sabia que ele como advogado estava a receber da A.E. para ali estar, mas nós como alunos estávamos a pagar aulas que estávamos a faltar. A mesa da R.G.A respondeu ao aluno que fez o ponto de ordem dizendo que não se pode faltar ao respeito.
Quando finalmente se abriram as inscrições, o primeiro aluno fez uma intervenção até ligth mas a criticar a proposta e a hora da R.G.A. O rapazinho da mesa que já tinha tido aquela brilhante saída diz: "eu estou a estagiar durante o dia e por isso esta é a única hora a que eu posso". Depois disto em vez de passar a vez aos restantes inscritos faz ele uma resposta de x tempo e ainda passa a palavra ao advogado para ele responder.
Penso que o descrito até aqui demonstra suficientemente a pouca vergonha que ali se passou e continuou a passar até ao fim. Eu estava um tanto perdido e não percebia bem o porquê de estar ali naquelas circunstâncias se aquilo ia ser aprovado de qualquer maneira e as nossas propostas não iam servir de nada. Mesmo assim antes de ir à minha próxima aula que não podia mesmo faltar, ainda consegui fazer uma intervenção (ainda bem que fui dos primeiros a inscrever-me). Na minha intervenção fiz duas propostas: 1ª que se retirasse a palavra democrática dos estatutos propostos porque aquele processo e aquela associação não tinham nada de democrático. 2ª que se acrescentasse as palavras sinistro e mafioso que só elas descrevem bem aquele teatro pseudo–formalista-democrático, onde a associação não propõe mas trás o advogado que propõe por eles, que eles depois apoiam e votam a favor.
A partir de agora temos uma A.E. que representa os/as alunos do ISCTE, mas que só responde perante os/as sócios/as que eles/as aceitem para pertencer ao clube.

Uma Bergonha
pedro pombeiro

4 comentários:

Anónimo disse...

"o primeiro aluno (J.C.P)" voces tmb classificam os alunos?

Anónimo disse...

Tens toda a razão. Este texto não foi feito para o Blog, ele foi mais um desabafo que eu enviei por mail para o pessoal do GAE. A classificação JCP foi apenas para identificar a pessoa em causa, para quem esteve presente. No contexto do Blog ele é despropositado, ainda nem tinha reparado nisso. Assim que acabarem os exames, este texto será corrigido na globalidade.

Obrigado por chamares à atenção

Anónimo disse...

Pelo amor da Virgem.......lololo

Anónimo disse...

uma bergonha é a vossa política de intervençao pós-25 de abril k não leva a lado nenhum. Deixo.vos um conselho: informem-se antes de criticar seja o que fôr....